terça-feira, 8 de março de 2011

"a megera domada"

A meses tenho entrado em um conflito a respeito do que escrever, se devo escrever, sobre qual assunto devo escrever, sempre me policiei para não ser piegas, mas hoje, sei exatamente sobre o que escrever...

A palavra felicidade abrange várias outra
s palavras. Palavras essas que são convertidas em meros e fundamentais sentimentos. Mas afinal, alguém já descobriu o real significado de felicidade? Alguém realmente é feliz? Alguém sabe a fórmula para ser feliz ? Pois bem, felicidade é sorrir e chorar, amar e não amar, ter tudo e ter nada, sentir prazer e sentir raiva, ser feliz é viver! Viver a sua maneira, do jeito que achar que melhor lhe convém.
Hoje, aqui, vou contar a história de alguém que descobriu a felicidade...

No interior de Londres, morava Cler, uma adolescente normal de 18 anos como todas as outras, levava uma vida atípic
a, enquanto as outras meninas de sua idade gostavam de coisas que todas as outras gostavam, tipo a grande banda do momento, Cler ouvia sons de outras épocas, enquanto elas liam revistas, Cler lia livros, e assim seguia a sua vida desde que ela se entendia por gente. Ela cresceu vendo as distinções entre os mundos criados pelos estudantes de colegial, as castas, as classes, enfim, chame como quiser.
Cler cresceu vendo sempre as mesmas pessoas fazendo sempre as mesmas coisas, e aí aos 18 anos, quando achou
que iria terminar a escola e sua vida ainda seria a mesma, algo surpreendente acontece na vida de Cler, ela conhece Lucas.
Lucas é um jovem americano, veio do Texas para fazer intercâmbio, passar o verão em Londres estudando. Mundos totalmente diferentes. Lucas queria ser escritor, Cler mesmo com toda sua convicção na vida e nas ciências que a cercava, não sabia o que queria, preferia deixar a sorte guia-lá.
Um dia como outro qualquer, em suas férias de verão, Cler levanta-se, e vai a biblioteca, ela havia feito um programa de livros que queria ler durante suas férias, e assim o fez.
Chegando até a biblioteca depara-se com Lucas, com seu aparelho de musica ao volume máximo fazendo um barulho que e
stava incomodando, Cler levanta-se calmamente de seu lugar, vai até a mesa de Lucas, e pede para ele abaixar o som, mas é claro que ele não ouviu, afinal, estava no volume máximo, Cler diz de novo o que havia dito antes, e ele ainda não ouve, então com uma manobra radical, Cler arranca os fones do ouvido do Lucas, ele olha para ela e ri, pois não entende o que estava acontecendo, ela com raiva repete que era para ele abaixar o som pois a estava incomodando, ele riu do sotaque dela, o que a deixou mais nervosa, e a fez sair de lá. Lucas ignora o que acaba de acontecer. Ela, coitada, passa a vê-lo como uma pedra no sapato. A mesma cena acontece todos os dias na biblioteca, Cler já havia acostumado-se com a presença inexpugnável de Lucas, e um dia diferente dos outros até então chega.
Cler estava lendo Shakespeare, "A megera domada" para ser mais específica, e por acaso era um dos livros que estavam no plano de estudos de Lucas, e que por mais acaso ainda estava com dificuldades com vocabulário, semântica, na verdade com tudo. Então, ele se dirige até Cler como um conde inglês e a pede para o ajudar com a leitura, sem exitar, Cler aceita! E os dias naquele verão não foram como os dos outros verões, ambos se envolveram de uma forma tão intensa e profunda, o que mudou de uma maneira significante a 'vidinha' simplória de Cler.
O sentimento que os arrebatava era tão forte, que fez Lucas esquecer da vida que tinha no Texas, o fez esquecer também da pessoa que deixou lá, esqueceu de tudo, esqueceu de Ana, sua namorada, e
futura noiva. Isso corroe Lucas em uma duvida cruel: contaria a Cler que está comprometido e romperia tudo, ou manteria contato, afinal, ele nunca amou alguém na vida como amou Cler.
O fim do intercâmbio chegou, junto com o fim do verão, foi então que no ultimo dia que Cler e Lucas passariam juntos, ele resolve contar a ela que eles não poderão mais se ver por causa de Ana.
Ele marca com ela no jardim da biblioteca. Ele ansioso, já está lá. Enquanto isso, Cler em casa se arruma, e resolve que irá para o Texas junto a ele, por que o ama, e irá dizer isso a ele. Cler chega ao jardim, eles se cumprimentam, e sem pensar duas vezes, Cler se declara para ele, diz que quer ir para o Texas com ele, e que o ama como nunca pensou que fosse amar alguém. O silêncio paira no ar, e então Lucas (com o coração partido) a surpreende dizendo que ela não poderia ir, porque ele iria se casar, um casamento que envolvia os interesses financeiros de ambas as familias, mas que não deixava de ser um casamento. Cler fica sem chão, olha nos olhos dele, vira-se, e sai andando. E como a adolescente de 18 anos que era, fez de seu travesseiro seu único ouvinte, mas não de palavras, de lágrimas, e a cada lágrima que caia era um grito que seu coração frágil e partido dava. Lucas, voltou para seus aposentos, porém antes de dormir devolveu o livro que ele e Cler estavam estudando a biblioteca.
O outro dia então chegou, o dia dele voltar para o Texas. Lucas chegou ao aeroporto, olhou para todos os lados e nao viu Cler, que naquele mesmo dia levantou-se e continuou sua vida, tentando fazer de conta de que aquilo tudo foi um pesadelo.
Os anos passam. Lucas já casado, escritor consagrado, vivendo no Texas. E Cler ainda só, porém professora da escola primaria de onde cresceu.
Ela não suportava a idéia de sair de lá, pois foi onde um dia, ela realmente foi feliz. Cler deixou de ser a adolescente sonhadora e se transformou em uma linda mulher, porém, a medida que foi crescendo, foi esquecendo quem era, e foi se fechando para o mundo e para os sentimentos. Não sorria mais como quando tinha 18 anos.
Um dia inusitado, como o daquele verão, ela passa em frente a uma livraria, e ve a capa de um livro que chamou sua atençã
o, mas além da capa, outra coisa que chamou sua atenção foi o autor do livro, L. Sullivan. Cler ficou feliz porque soube que ele conseguiu o que quis, e ao mesmo tempo triste, pois mecheu em uma ferida que ainda não estava cicatrizada. Resolveu que iria comprar o livro. O comprou. O leu. Viu que mera semelhança com a história deles dois foi totalmente proposital, foi então, que lá, nas ultimas páginas estava sua dedicatória, com as seguintes palavras "Meu maior erro foi te amar e não confessar o tamanho do meu amor a você, onde quer que esteja, sempre estarei aqui pronto para dizer que te amo. Sessão 16, W. Shakespeare " .
Foi aí então, que como um passe de mágica, Cler acordou, e sentiu seu coração novamente bater como a 12 anos atrás. O que para os leitores não significou nada, para Cler, as palavras " sessão 16, W. Shakespeare" significou.
Largou tudo, as crianças na sala de aula, a bolsa, a vida que levava. Foi correndo até a biblioteca, e lá, empueirado, escondido, estava ele "A megera domada" de William Shaskespeare, na sessão 16, por longos 12 anos. Sem demora nenhuma, Cler o tirou de la, e ao abrir caiu um papel velho e dobrado, que dizia "Para minha querida e doce Cler, encontre-me no jardim esta noite. Lucas Sullivan" .
Então como se tivesse 18 anos de novo, foi para casa, se arrumou. A noite chega, e junto a ela as borbulhas e o frio na barriga de nervoso acompanhado seus acelerados batimentos cardiacos. Cler não sabia se ele estaria lá, ela não sabia se ele ainda a amaria, mas ela tinha fé.
E a hora tão aguardada chega, e lá está ele, la está ela. Naquela noite, a vida voltou a Cler, junto com a felicidade, e o fato de que não seria tarde para ela amar. Pois do que é feita a vida se não de escolhas erradas, que nos levam aos momentos certos.
Daquele dia em diante, Cler continuou sendo a Cler, porém feliz. Mais feliz que antes, feliz agora, e plenamente feliz ao longo de sua vida. Totalmente rendida ao amor.



"CATARINA: Prossigamos nosso caminho, por favor, já que viemos de tão longe. Que seja a lua ou o sol, ou o que desejardes. Se quiserdes chamar uma lamparina de sol, juro que não será outra coisa para mim."

Cena V, A megera domada,
William Shakespeare.


Sejamos todos Cler e Lucas, que não se deixaram limitar pelos limites impostos a eles mais uma vez. Pois ser feliz, é se permitir.
Giselle Cristine

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